Continuando a nossa série de entrevistas com líderes e pastores de diversas denominações para entender o momento que estamos vivendo, como a igreja deve se portar e o que Deus está dizendo ao mundo, conversamos com o pastor Luciano Subirá.
Luciano Subirá é coordenador do Orvalho.com, um ministério de ensino bíblico interdenominacional. É autor de diversos livros, entre eles “Até que nada mais importe” e “Impacto da santidade” e conferencista nacional e internacional. Pastor há 26 anos, é casado com Kelly e pai de Israel e Lissa.
Para Subirá, o papel da igreja em meio à pandemia de Covid-19 continua o mesmo. “A evangelização do mundo, o cuidado, treinamento, preparação e o envio dos novos convertidos para que estes, por sua vez, façam a mesma coisa e que o ciclo não seja quebrado”, afirma.
O pastor acredita que há “oportunidades ampliadas” para igreja nesse momento. “Tem muita gente fragilizada, chocada em como a vida e o mundo podem mudar de uma hora para outra”, assevera. “As pessoas estão mais vulneráveis à ação do evangelho”, afirma.
“Não deveríamos nos assustar diante de uma crise”, lembra o pastor, mas, mesmo que estejamos “alarmados”, isso pode servir para “um despertamento” espiritual dos cristãos.
O teólogo cita o capítulo 12 de Hebreus e diz que Deus está “abalando as coisas abaláveis para que as inabaláveis permaneçam – o reino de Deus”. Luciano aconselha os cristãos a “ir direto ao ponto e ‘colocar o dedo na ferida'” lembrando aos não-cristãos de se voltarem para Deus nesse tempo de crise.
O que podemos aprender?
Para o pastor, “o formato como vivemos e praticamos igreja sofreu reviravoltas”. Ele acredita que igrejas com grupos pequenos (células) e que se dedicaram a comunicação estão conseguindo, apesar da quarentena, “manter um pouco mais de contato”, outras, por sua vez, “estão completamente desconectadas”.
“As coisas não vão voltar a ser como eram antes”, enfatiza. “Nós vamos aprender a usar melhor as ferramentas que negligenciamos e, que, mesmo depois da crise, vão ser importantíssimas”, observa.
Subirá cita uma analogia que ouviu de um amigo sobre a água e a garrafa de água, lembrando que a água não vence, mas a garrafa de água tem prazo de validade. “O evangelho é o mesmo, mas o formato que a gente decidiu viver” pode ter vencido.
“Há um evangelho sendo pregado que leva as pessoas a confiar demais naquilo que é terreno, em vez de tratar como passageiro”, lamenta.
“Eu acredito que vamos ter uma grande reviravolta na aplicação prática do cristianismo”, afirma e exemplifica que muitas pessoas não estão conseguindo se manter com a família dentro de casa. “A pandemia não trouxe problemas, ela está revelando problemas”.
O que se modificará?
“Precisamos entender que a igreja nunca foi o prédio, o auditório, nem o templo”, diz. Ele ensina que para um cristão primitivo, se alguém falasse em “ir à igreja” causaria uma confusão, porque naquele tempo a “igreja eram os santos, não um local de reunião”.
O pastor defende que “fundamentos como este precisam ser resgatados” e que nesse momento de isolamento e quarentena, nós podemos “assimilar melhor” o que é isso.
Precisamos “trabalhar melhor o conceito de ser igreja” e a maneira como entendemos o corpo de Cristo, afirma.
Subirá cita com entusiasmo exemplos da igreja brasileira onde “muito crente tem ajudado ao próximo” como igrejas distribuindo alimentos, ajudando idosos, fomentando o contato entre empreendedores entre outros.
Para ele, são os relacionamentos que “merecem mais nossa atenção” nesse momento.
Estamos preparados?
“A igreja sempre se fortaleceu e sempre cresceu em cenários de crise”, ensina. “Mesmo que a gente não se sinta tão preparado para atender um mundo em pânico”, diz, “eu acredito que estamos em condições melhores do que o resto do mundo”.
Fonte: Gospel Prime
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